Gigante no fornecimento de laranja e suco concentrado tem histórico de violações trabalhistas
Com informações da Repórter Brasil
Fim do vale-alimentação e do pagamento das horas de deslocamento, falta de equipamentos de proteção individual (EPIs), revista ilegal e demissão de grávidas: as condições de trabalho entre os safristas da Sucocítrico Cutrale pioram a cada ano, conforme relatos de trabalhadores de fazendas da empresa ouvidos pela Repórter Brasil.
A Cutrale e as indústrias Citrosuco e Louis Dreyfus Company (LDC) dominam a produção e o fornecimento de laranja e suco concentrado no mundo. Segundo estimativas da CitrusBR, associação que representa as três companhias, a cada cinco copos de suco de laranja tomados no mundo, três vieram de pomares das empresas no Brasil.
Histórico de violações
A Cutrale tem um histórico de violações trabalhistas. Desde 2016, foram realizadas 133 ações de fiscalização em suas empresas, segundo levantamento realizado por Auditores-Fiscais do Trabalho ligados à Secretaria de Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho e Previdência a pedido da Repórter Brasil.
A lista de infrações trabalhistas em propriedades da empresa mostra que, desde 2015, a maior parte das violações ocorre pelo desrespeito à NR-31 — a principal Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no meio rural —, com 71 registros, e às regras de descanso e jornada de trabalho, com 12 e 11 autuações, respectivamente.
A Cutrale já foi alvo de diversas ações movidas pelo Ministério Público do Trabalho. Essas ações são subsidiadas pelos relatórios dos Auditores-Fiscais do Trabalho. Em uma delas, a empresa foi condenada a pagar R$ 300 mil por dano moral coletivo por expor trabalhadores a condições precárias de saúde e segurança, mas recorreu da decisão. Outra ação tratava da denúncia sobre problemas no alojamento e trabalho de safristas em uma fazenda que fornecia para a Cutrale.
Na visita à propriedade, acompanhada pela Repórter Brasil, foram identificados trabalhadores —inclusive um adolescente— sem EPIs adequados e acesso a banheiro ou à água potável. A Cutrale também já foi alvo de um flagrante de trabalho escravo, em fazendas no Triângulo Mineiro.
Confira aqui a íntegra da reportagem da Repórter Brasil.