Copa do Mundo: Obras da Copa deixam 6,7 mil trabalhadores imigrantes mortos e milhares sem salários no Qatar


Por: SINAIT
Edição: SINAIT
05/12/2022



Acidentes e mortes ocorreram durante a construção dos estádios da competição 


Por Cristina Fausta, com informações do Uol e CUT


Edição: Lourdes Marinho 


Enquanto os países estão de olho nos jogos da Copa do Mundo, o SINAIT vem acompanhado os desdobramentos de uma questão assustadora, o número de trabalhadores mortos nas obras para o Mundial. A questão foi levantada pela primeira vez pelo diário britânico "The Guardian", em 2021, que denunciou que cerca de 6,7 imigrantes teriam morrido em decorrência da falta de segurança, da degradante condição laboral e por exposição ao clima de 50º. Também tem sido noticiado que foram registrados suicídios e que estes teriam sido motivados pela precariedade do ambiente de trabalho.  


Segundo matéria publicada no site da Central Única dos Trabalhadores (CUT), as mortes teriam ocorrido entre 2010, ano em que a Fifa anunciou que o Qatar seria sede da Copa, e 2020. Em todo esse período, movimentos sindicais e representantes de Organizações não Governamentais (ONGs) criticaram a Federação Internacional de Futebol (Fifa) pela escolha do Qatar como país sede, justamente por causa das denúncias contra situações precárias de trabalho. 


Às vésperas do início dos jogos, o Qatar voltou às manchetes dos jornais por causa de uma decisão desumana do governo, comandado pela dinastia Al Thani, de extrema direita, que vem se recusando a indenizar as famílias dos imigrantes mortos, segundo informações da Anistia Internacional. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) também tem informado que registrou 34 mil reclamações, entre outubro de 2021 e outubro de 2022 sem que as autoridades do país tomem qualquer decisão para resolver os conflitos trabalhistas.  


Modus Operandi

Os patrões do Qatar retiveram os documentos dos trabalhadores. Até 2019, o país sede do mundial adotava o sistema conhecido do Kafala, que permitia que os empregadores ficassem com os passaportes dos contratados. 


Ao analisar a questão, o Auditor-Fiscal do Trabalho da Superintendência Regional do Trabalho do Paraná (SRT-PR), Rubens Patruni, afirmou que o registro no Qatar serve para que as autoridades repensem esse tipo de evento. “A vida e a dignidade humana devem estar em primeiro lugar e a FIFA deveria escolher dentre países que conseguem suportar a construção do evento oferecendo boas condições de segurança, saúde e dignidade aos trabalhadores envolvidos”, pontuou. 


Patruni vem acompanhando os noticiários sobre a situação dos imigrantes e relembra que cada país tem autonomia para tratar suas questões internas, no entanto cabe aos órgãos internacionais, políticos (ONU, OIT) ou desportivos (FIFA, COI), pressionar o Qatar a regularizar as questões trabalhistas e humanitárias, sob pena de sansões de todos os modos. 


Ele ainda destacou que esses grandes eventos esportivos movimentam um volume financeiro que ultrapassa as cifras dos bilhões de dólares, pois há um grande mercado consumidor nesse segmento. Segundo ele, é preciso conscientizar quem consome e quem compra os direitos desses eventos. “Muita gente não sabe das mazelas dos trabalhadores envolvidos e, essas informações, devem chegar a todos de modo a coibir o consumo de produtos manchados com o sangue do trabalho”, alertou.  

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