PIAUÍ: Grupo Especial de Fiscalização Rural resgata 42 trabalhadores em situação análoga à escravidão


Por: SINAIT
Edição: SINAIT
13/12/2022



Entre os trabalhadores foram encontrados dois adolescentes de 17 anos


Por Cristina Fausta, com informações da SRT/PI do G1 Piauí
Edição: Lourdes Marinho


Em um período de quarenta dias, iniciados no mês de novembro, o Grupo Especial de Fiscalização Rural da Superintendência Regional do Trabalho do Piauí (SRT/PI) resgatou 42 trabalhadores que eram mantidos em situação análoga à escravidão em duas fazendas de produção de soja e em uma pedreira, no sul do Piauí. As fazendas ficavam nas zonas rurais de Santa Filomena e Currais, e a pedreira, em Isaias Coelho.  Havia um grupo de 16 pessoas em cada fazenda e, em ambas, foram encontrados adolescentes de 17 anos.  Outras dez pessoas foram retiradas dos trabalhos na pedreira.


O grupo que trabalhava em Santa Filomena foi trazido de povoados da zona rural de Bom Jesus, há 287 quilômetros da propriedade, onde estavam trabalhando há cerca de um mês. Durante esse tempo, os trabalhadores dormiam em redes sob um barracão de palha, sem paredes, e preparavam as refeições de forma improvisada, e sem nenhuma higiene.


Segundo o Auditor-Fiscal do Trabalho Robson Waldeck, que participou das operações, o grupo encontrado em Santa Filomena trabalhava arrancando raízes, de modo a preparar a terra para o plantio da soja.


Waldeck comentou a situação em que foram encontrados os trabalhadores.  “Todos foram contratados sem carteira assinada, exames médicos ou qualquer outro registro. Também não tinham acesso aos equipamentos necessários de proteção individual”, relatou o Auditor.


Currais e Isaias Coelho


A mesma situação foi encontrada na zona rural de Currais. Segundo Waldeck, nesta fazenda os trabalhadores estavam havia cinco meses vivendo em barracas feitas de lona, sem acesso a banheiros e as refeições eram feitas ao relento. “A água que eles bebiam era armazenada em um tanque-pipa, exposto ao sol. Eles reclamaram que, além de quente, a água tinha gosto de ferrugem", comentou Waldeck.


Outras dez pessoas foram retiradas de uma pedreira, em Isaias Coelho, depois de denúncias feitas ao órgão. As condições degradantes eram as mesmas encontradas nas fazendas – alojamentos de lona, sem instalações sanitárias, sem água potável, preparo inadequado dos alimentos e sujeição a intempéries. 


A fiscalização libertou os trabalhadores e adotou os procedimentos de praxe. Foram lavrados os autos de infração e emitidos os requerimentos para concessão do seguro-desemprego. Também foram confeccionados relatórios que foram encaminhados ao Ministério Público do Trabalho (MPT) e ao Ministério Público Federal (MPF).

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