Trabalho escravo - Auditores-Fiscais do Trabalho resgatam adolescentes aliciados por clube de futebol


Por: SINAIT
Edição: SINAIT
26/12/2022



Com informações do G1


Auditores-Fiscais do Trabalho resgataram sete adolescentes e jovens submetidos a condições análogas à escravidão em um alojamento em Teutônia, no Vale do Taquari, a 108 km de Porto Alegre. As vítimas têm idades entre 15 e 23 anos. Conforme informações dos Auditores-Fiscais da Gerência Regional do Trabalho de Lajeado, eles vieram de outros estados para se tornarem jogadores de futebol. Os atletas chegaram a um clube recém-criado, o Levi Futebol Clube, que não conta com profissionais especializados.


De acordo com os Auditores-Fiscais do Trabalho que atuaram na operação, o Levi FC servia de cortina de fumaça para tráfico de pessoas e trabalho semelhante ao de escravo. A investigação aponta que o clube se aproveitava da vulnerabilidade dos jovens para explorá-los.


“O que os atletas foram percebendo, com o passar do tempo, é que os treinos eram pouco efetivos. A estrutura era muito precária, e esse sonho não seria realizado”, atesta a Auditora-Fiscal do Trabalho Lucilene Pacini.


Um jovem, que prefere não ser identificado, é do Nordeste e jogava em Goiânia (GO) quando recebeu a proposta para ir para o Rio Grande do Sul. Como estava com o irmão doente e precisava juntar R$ 15 mil para custear uma cirurgia, aceitou o convite. Ele conta que teve de procurar emprego em uma fábrica para conseguir pagar o alojamento. Pouco treinava.


“Tudo que a gente ia fazer tinha que ser pago. Transporte, alimentação para jogo quando era fora. Em questão de treino também era horrível, não tinha aquela alimentação boa” relatou o jovem.


A denúncia sobre a condição dos jovens chegou até as autoridades por meio de um entregador de gás. Ele foi realizar uma entrega no alojamento e desconfiou do que viu. Segundo o homem, a estrutura era precária para a quantidade de pessoas no local.


Os Auditores-Fiscais do Trabalho interditaram o alojamento no final de novembro, em razão de terem verificado uma série de irregularidades. Encontraram, inclusive, alimentos estragados na cozinha.


Três adolescentes foram levados para um abrigo da prefeitura. Os outros quatro jovens foram recebidos na casa de moradores de Teutônia.


Esse foi o primeiro caso de resgaste de trabalhadores em condição análoga à escravidão envolvendo futebol no estado do Rio Grande do Sul.


A condição de trabalho escravo foi caracterizada pelas condições degradantes em que os meninos viviam. Eles precisavam pagar pelo alojamento, alimentação, treinos que seriam feitos e pela formação que, supostamente, teriam.


Os Auditores-Fiscais do Trabalho autuaram e multaram o Levi FC em R$ 38 mil. Após a conclusão da investigação, o caso será encaminhando à Polícia Federal. A maioria dos 22 jovens que chegaram a morar no alojamento havia abandonado o time.


Dos sete resgatados, quatro voltaram para os seus Estados com passagens de avião pagas pela Federação Gaúcha de Futebol (FGF), que garante que o clube não era filiado e que nunca tinha ouvido falar no Levi FC.

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