Equipe constatou situação degradante de trabalho e moradia dos empregados oriundos do interior do Maranhão
Por Solange Nunes, com informações do gov.br
Edição: Andrea Bochi
Os Auditores-Fiscais do Trabalho resgataram oito empregados que trabalhavam na derrubada e corte de eucaliptos numa fazenda no Novo Gama (GO), cidade circunvizinha localizada no Entorno do Distrito Federal. A ação fiscal iniciada no dia 29 de março continua em curso e foi coordenada pela Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
De acordo com a equipe, os oito empregados, oriundos do interior do Maranhão, foram aliciados pelo próprio responsável pela atividade para trabalhar na fazenda na derrubada e corte de eucaliptos que seriam usados para produção de carvão vegetal. A situação de trabalho e moradia era degradante e os empregados não tinham vínculo empregatício formalizado.
Na inspeção da fazenda, os Auditores-Fiscais encontraram os empregados cortando as árvores de eucaliptos sob torres de transmissão de eletricidade em alta tensão. Eles relataram que trabalhavam de segunda a sábado das 6h da manhã até as 17h, recebendo apenas a diária em que houvesse produção.
Nas frentes de trabalho, segundo relatos apurados, não tinham banheiros, os empregados cortavam os eucaliptos com roupas inadequadas e não tiveram treinamento para usar motosserras. No local, dispunham apenas de uma garrafa pequena de água cada um, sem filtragem, para beber durante todo o dia de trabalho. Não havia também condições para atendimento de primeiros socorros, em caso de acidentes.
Moradia
Os trabalhadores foram alojados em casas precárias, próximas a um chiqueiro de criação de suínos, e o mau cheiro era constante dentro do alojamento. No local não havia água quente para banho e a maioria deles dormia no chão. O banheiro, sem nenhuma higiene, não possuía descarga em funcionamento. A alimentação, preparada nas primeiras horas da manhã em forno à lenha, era reduzida a porções de ossos com pouca carne e arroz.
De acordo com os relatos dos trabalhadores, o empregador sempre deixava de efetuar boa parte do pagamento. Como tinham que pagar pelos alimentos fornecidos no alojamento, era comum não sobrar dinheiro para voltar às suas residências no Maranhão, pois o empregador sempre dizia que não possuía dinheiro suficiente para todo o pagamento combinado.
O proprietário da fazenda e o empregador foram notificados a retirar os trabalhadores de imediato para um alojamento decente e proceder com a formalização dos vínculos de emprego, com pagamento de todas as verbas trabalhistas devidas, calculadas pela Auditoria do Trabalho.
Trabalho Escravo
Os dados oficiais das ações de combate ao trabalho análogo ao de escravo no Brasil estão disponíveis no Radar do Trabalho Escravo da SIT, no seguinte endereço: https://sit.trabalho.gov.br/radar/.
Denúncias
Podem ser feitas de forma anônima no Sistema Ipê: https://ipe.sit.trabalho.gov.br, sistema lançado em 2020 pela Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Confira repercussão da ação fiscal na imprensa nacional:
R7 - Trabalhadores rurais são resgatados em condições análogas à escravidão no Entorno do DF
G1.globo.com/go.GO - Operação resgata 8 trabalhadores submetidos a condições análogas à escravidão em Novo Gama
Correio Braziliense - Trabalhadores vítimas de tráfico de pessoas são resgatados no Entorno do DF
Terra - Ministério do Trabalho encontra 8 pessoas em situação análoga à escravidão, em Novo Gama
Metrópoles - Trabalhadores são resgatados em condições análogas à escravidão em GO
Cut Brasil - Oito trabalhadores são resgatados no entorno do DF em situação análoga à escravidão