Auditores-Fiscais da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Minas Gerais (SRTE/MG) lavraram 241 autos de infração contra a BH Airport e outras empresas que atuam no local
Com informações de O Tempo
O Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, é um frequente destaque em premiações — como reconhecimentos pela pontualidade e sustentabilidade. Por trás das vitórias, porém, empregados que trabalham no aeroporto são privados de direitos e sequer têm locais adequados para usar o banheiro, beber água ou descansar nos intervalos. Há relatos de trabalhadores que urinaram nas calças devido à pressão do trabalho e à distância dos sanitários. Estas são algumas das observações de uma fiscalização feita por Auditores-Fiscais do Trabalho da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Minas Gerais (SRTE/MG), divulgadas na sexta-feira, 12 de julho.
A Operação Voo Seguro fiscalizou 19 empresas que atuam no aeroporto, inclusive sua operadora, a BH Airport, e lavrou 241 autos de infração contra elas. A conclusão dos Auditores-Fiscais do Trabalho que conduziram a ação é que a gestão do aeroporto comete assédio moral coletivo contra seus trabalhadores.
“Conseguimos confirmar um assédio moral coletivo, organizacional, em relação aos trabalhadores que estão ali. Eles estão com sobrecarga física e diante de muito estresse psicológico. Isso está muito relacionado ao descumprimento de normas de saúde e segurança”, resume um Auditor-Fiscal do Trabalho.
A aviação civil exige um alto nível de precisão e velocidade dos serviços, reconhecem os Auditores-Fiscais. Mas o Aeroporto de Confins não disponibiliza condições mínimas de saúde e segurança para os empregados cumprirem a jornada adequadamente, expõem. “No lado onde os passageiros descem das aeronaves pelas escadas, temos instalações sanitárias que não funcionam como tal, só um bebedouro de galão com água quente e banheiro nenhum”, descreve outro Auditor-Fiscal do Trabalho.
De acordo com a inspeção, o aeroporto tem cerca de 7 mil trabalhadores, entre próprios e terceirizados, a maior parte deles empregada na área “de ar”, como se chamam as operações de pista. É neste setor que estão os maiores problemas, segundo os Auditores. Os trabalhadores são expostos a trabalhos braçais extenuantes, algumas vezes sem equipamentos de segurança, afirmam os fiscais.
“Uma situação que me deixou perplexo foi a carga e descarga dos pneus das aeronaves. Junto com o pneu, são 180kg. Na força física, dois trabalhadores empurram esse pneu do fundo da aeronave até a saída sem nenhum tipo de equipamento. Em algumas aeronaves sem esteira, a pessoa pega uma mala de 15, 20 kg e a eleva acima dos ombros”, diz o Auditor-Fiscal.
São situações que podem ser suavizadas com mais revezamento de trabalho e locais adequados de pausa e descanso, defendem os Auditores. Mas este é mais um problema apurado pela superintendência: há poucos bancos adequados para os empregados descansarem e, quando eles precisam recorrer a sentar no chão, são repreendidos pelos superiores.
A automedicação e o uso de medicamentos psiquiátricos tornaram-se rotina para os trabalhadores, pontua um Auditor-Fiscal e médico do Trabalho. “Os trabalhadores tomam anti-inflamatórios, analgésicos e relaxantes musculares por conta própria, além de muitos remédios ansiolíticos e antidepressivos.”
O cenário caótico descrito por eles é de potencial ameaça à segurança dos próprios passageiros, avalia uma Auditora-Fiscal do Trabalho. “Um trabalhador que não descansa, que não tem suas folgas, que não tem hora extra [paga], que não se alimenta, que não toma água, não vai ao banheiro com a frequência adequada naturalmente não está em sua condição 100% de trabalho. E aí pode ocorrer, como ocorreria com qualquer um de nós, uma desconcentração, um desmaio. E a depender do tipo de operação que ele está fazendo, como conduzindo um trator, pode ocorrer um acidente.”
Acordo em vista
Todas as 19 empresas inspecionadas, inclusive a BH Airport e as principais companhias aéreas, estão sendo notificadas sobre os autos de infração. Agora, elas se reunirão com a SRTE-MG em agosto para apresentar soluções. Os autos de infração podem ser convertidos em multas de centenas de milhares de reais.
Veja abaixo mais matérias sobre esta fiscalização:
MG 2ª Edição - Irregularidades Trabalhistas - Fiscais notificam 19 empresas que atuam no aeroporto internacional de BH
R7 - BALANÇO GERAL MG - Empresas do setor de aviação são autuadas por irregularidades em Confins (MG)
Estado de Minas - Aeroporto de Confins é notificado por condições de trabalho irregulares - Estado de Minas
BHAZ - Assédio moral e falta de água: Fiscalização aponta irregularidades do Aeroporto Internacional de BH
Aeroin - Operação “Voo Seguro” identifica 241 infrações e assédio moral no Aeroporto Internacional de Confins
Bom dia Minas (chamada) e MGTV 1 (reportagem)
https://globoplay.globo.com/v/12752750
Itatiaia Agora (rádio e portal)
Assédio e calor excessivo: operação encontra irregularidades no Aeroporto de Confins
Jornal da CBN
https://drive.google.com/file/d/1xjNPN-IpMzr_-RClq5wxAtDLS2vr577f/edit
Rádio América - Programas Cidades
https://drive.google.com/file/d/1gKdALwBq7AGQ7u7w7EA7QilYfGa7jDRj/view
https://drive.google.com/file/d/17szhNmRnKFMWXzLR
Aeroin - Operação “Voo Seguro” identifica 241 infrações e assédio moral no Aeroporto Internacional de Confins