Preservar a Amazônia é preservar a vida


Por: SINAIT
Edição: SINAIT
28/09/2009




A falta de conhecimento da história da Amazônia por parte dos brasileiros é um dos entraves para o fim da degradação da região, na opinião do jornalista, escritor e sociólogo paraense Lúcio Flávio Pinto. Ele conversou com os enafitianos na manhã de segunda-feira, 28, no Jardim Botânico Bosque Rodrigues Alves, um pedaço da floresta amazônica em plena zona urbana, no centro de Belém.



Lúcio Flávio lembrou Euclides da Cunha que impressionado com a exuberância da floresta, afirmou, no século XX, que ela era a página do Gênesis que Deus deixou para o homem escrever. “Estamos destruindo a página do Gênesis. Quanto mais a Amazônia produz, mais se escraviza”, lamentou. O palestrante fez um retrospecto da história da floresta, lembrando que na década de 70 algumas empresas se instalaram na região derrubando a floresta para fazer pastos. Segundo Lúcio Flávio quando, em 1976, uma montadora de automóveis provocou um incêndio de quase 10 mil hectares, que teve repercussão internacional, a área degradada era inferior a 1% do território da floresta. “Isso é uma atitude irracional, mas ainda assim, naquela época, o incêndio ganhou o mundo e todos viram o que estava sendo feito aqui. Hoje mais de 18% da Amazônia está destruída, isso representa três vezes o território de São Paulo”, analisou.


 


O debate passou também pela discussão da falta de consciência ambiental em todo o território do Pará. Um exemplo é a exploração de minério de ferro na região de Carajás, que detém a maior produção mundial do mineral. “Todas as grandes obras do globo usam aço de Carajás. Temos o melhor minério do mundo e mesmo assim a gente importa o produto. Compramos de fora o que temos de melhor aqui dentro”, analisa.


 


Lúcio Flávio disse que o estado é o terceiro que mais gera dólares para o país, atrás apenas de Minas Gerais e Mato Grosso, mas é o 16º em desenvolvimento humano, um paradoxo que compromete o seu crescimento. Segundo ele de cada 10 dólares que entram nos cofres brasileiros, dois são do Pará. Apesar disso o estado é campeão em trabalho escravo.


 


Defensor contumaz da Amazônia ele criticou o poderio de empresas que se instalam nos limites da floresta e também os governos brasileiros que ao longo dos tempos não têm feito os esforços necessários para minimizar os efeitos devastadores da atividade econômica. Em sua opinião é por falta de decisão que as coisas não mudam. “A gente sabe que a chave da expansão está na floresta, mas não se muda a forma de administrar essa grandeza. De todos os investimentos em ciência e tecnologia feitos pelo governo brasileiro, apenas 1% são para a Amazônia”.    


 


Bosque


O Jardim Botânico Bosque Rodrigues Alves, onde aconteceu a palestra, foi criado em 1883, inspirado no Bois de Boulongne, em Paris. A idéia original era que servisse de espaço de lazer para a elite da época. Localizado em pleno centro urbano, o bosque, que ocupa uma área de 150 mil metros quadrados possui um orquidário diverso e oferece passeios de canoa a quem procura tranqüilidade nos momentos de folga.


 


No espaço predominam essências florestais como: maçaranduba, acariquara e acapu. Conta também com a carapanauba branca, o marupá, o cedro vermelho, além da famosa seringueira, que tanta riqueza trouxe à região em épocas passadas; da andiroba, usada na região para fins medicinais e da majestosa castanheira sapucaia uma das maiores árvores da floresta equatorial.


A fauna é rica de espécies regionais, abrigando animais em cativeiro, como: arara, macaco-prego, tucano, jandaia-verdadeira, garça, periquito asa branca, jabuti, jacaré, papagaio e ararajuba. E outras espécies em liberdade, como: cutias, macacos-de-cheiro e preguiças.


O bosque conta ainda com um aquário com várias espécies originárias da amazônia, como: bengalinha, acará-bandeira, rosaceus, arraia-motoro, corydoras, acará-apaiari, acará-disco entre outros.


A arquitetura conta com obras como o monumento aos Intendentes Municipais, a estátua aos legendários guardiões da floresta Mapinguari e Curupira, o quiosque chinês, o chalé de ferro e o portão monumental da entrada principal.


 

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