Publicada em: 29/01/2020
Por Andrea Bochi
Edição: Nilza Murari
No dia em que se completaram 16 anos da Chacina de Unaí, 28 de janeiro, a Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo – Conatrae aprovou Nota Pública apresentada pela diretora do SINAIT Vera Jatobá, em que manifesta profunda preocupação com a morosidade da Justiça no caso da Chacina de Unaí. Também participaram da reunião as Auditoras-Fiscais do Trabalho Marinalva Dantas e Claudia Marcia Ribeiro.
De acordo com a Nota, ao protelar o desfecho desse episódio sombrio na história da Inspeção do Trabalho e do País, a mensagem passada é a de impunidade.
Em defesa da Nota, Vera Jatobá disse que foi a Chacina de Unaí que levou à reflexão e à criação do Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo e do Dia do Auditor-Fiscal do Trabalho. “A verdade só existe hoje porque o motorista baleado conseguiu levar o carro até um local de maior movimento e ao ser encontrado pôde contar o que tinha ocorrido. Essa agenda é marcada desde sempre e foi um golpe contra o Estado brasileiro”.
A versão final da Nota Pública ainda não foi disponibilizada pela Conatrae.
Presente à reunião, o professor da UFRJ Ricardo Resende lembrou o assassinato dos Auditores-Fiscais e do motorista do Ministério do Trabalho, cujos mandantes continuam impunes. Para ele a Justiça Federal tem sido omissa. Ele destacou a escassez de recursos e falta de concurso público por que passa a Auditoria-Fiscal do Trabalho. “Por um lado, temos avanços, mas por outro, muitas dificuldades para a fiscalização. Temos que arregaçar as mangas e não podemos nos omitir diante do que está acontecendo”.
A diretora fez referência aos versos “nem sempre ganhando nem sempre perdendo, mas aprendendo a jogar”, da canção “Aprendendo a jogar”, de Guilherme Arantes, para destacar que apesar das divergências comuns em fóruns que reúnem representantes com opiniões adversas em determinados temas, é importante o trabalho conjunto do colegiado.
Documentário
Durante a reunião da Conatrae foi exibido o documentário “Liberdade Roubada”, que aborda a vida de trabalhadores que foram escravizados e os males que decorrem da prática. O curta marca os 15 anos da Comissão e os 16 anos da Chacina de Unaí, crime que vitimou três Auditores-Fiscais do Trabalho e um motorista durante fiscalização na área rural de Unaí (MG). O vídeo também possui versões em libras e audio-descrição.
Luciana, do Instituto Federal de Brasília, solicitou que o documentário seja disponibilizado para ser exibido a alunos do ensino médio integrado. “Resgatar assuntos que são extremamente latentes. Os alunos, professores e gestores puderam conhecer o trabalho que é desenvolvido pela Comissão nesses 16 anos de existência. A minha expectativa é que este vídeo sirva para conscientização e a sensibilização das pessoas”.
Logomarca
Também foi apresentada, durante a reunião, a sugestão de logomarca a ser utilizada pela Comissão. Todos analisaram e manifestaram suas opiniões a respeito, mas a proposta não foi aprovada e será encomendado novo projeto. Também foram produzidos seis cartazes sobre trabalho escravo que serão enviados para as superintendências da Polícia Rodoviária para distribuição nos principais postos rodoviários. Também serão realizadas palestras.