Comparar a criação de empregos em anos anteriores a 2020 — data em que começou a ser implementado o novo sistema —, com o período posterior a ele, não é mais possível
A criação de 401.639 vagas de empregos com carteira assinada em fevereiro, segundo dados do Novo Caged, foi anunciada pelo governo e divulgada por parte da mídia como se fossem recordes. Na verdade, o que houve foi a mudança na metodologia de coleta de dados, o que levou ao equívoco.
Desde janeiro de 2020, o Novo Caged passou a usar dados de três sistemas: do antigo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados -Caged, do eSocial e do Empregador Web (onde se registram os pedidos de seguro-desemprego). Com isso, foi incluído mais gente no novo sistema, como trabalhadores temporários, entre outros sem vínculo formal, que não eram contabilizados antes.
Dessa forma, o resultado referente aos novos empregos fica diferente do que era obtido antes dessa mudança. A tendência é que o número fique muito maior, já que a abrangência é muito mais ampla.
Embora a mudança de metodologia tenha promovidoalterações no resultado da criação de empregos, parte da imprensa não está alertando para o fato de que na realidade estão sendo considerados até mesmo cargos sindicais na conta final.
As divulgações de resultados positivos no mercado formal chamam a atenção, pois o país registra recorde de desemprego segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística — IBGE, que tem outro método de pesquisa e avalia também o trabalho informal, sem carteira assinada.
Na comparação da série histórica, o Ministério da Economia precisa ressaltar que houve a mudança de metodologia e que comparar a criação de empregos em anos anteriores a 2020 com o período posterior a ele, não é mais possível.
Saiba mais
O eSocial, sistema digital criado em 2014, unifica registros fiscais, previdenciários e trabalhistas. No eSocial, todos os trabalhadores formais precisam ser registrados, inclusive bolsistas, temporários, agentes públicos e dirigentes sindicais.
Já o Caged dispensa o registro de diversas categorias, como: Servidores e empregados públicos (federal, estadual, distrital ou municipal), trabalhadores avulsos, diretores sem vínculo de emprego, dirigentes sindicais, estagiários, empregados domésticos, entre outros.
De 1992 até dezembro de 2019, os dados sobre o mercado de trabalho formal tinham como base o Caged, que monitora admissões e demissões de empregados do regime da Consolidação das Leis Trabalhistas - CLT.
Empregador Web
O Empregador Web é uma plataforma criada para facilitar, agilizar e tornar seguro o processo de regularização das mudanças em relações trabalhistas e solicitação de seguro-desemprego.