O experimento na Espanha para reduzir jornadas de trabalho a 4 dias por semana


Por: SINAIT
Edição: SINAIT
06/05/2021



Para dirigente do SINAIT, a redução da jornada sem atingir os salários é um caminho a ser trilhado para se oferecer mais postos de trabalho, uma vez que o desemprego já vinha ocorrendo no mundo por conta do avanço tecnológico e foi agravado pela pandemia  


A Espanha busca voluntários em centenas de empresas para um experimento que pode jogar luz sobre como será o futuro das relações de trabalho - especialmente após a pandemia da Covid-19.


A proposta, feita pelo partido de esquerda Más País, é testar em pequena escala o que acontece com a produtividade das empresas quando seus empregados trabalham apenas 32 horas por semana, em vez das 40 habituais.


Isso significa uma redução de 5 para 4 os dias em que a equipe de fato trabalha  sem, contudo, haver uma diminuição proporcional do salário.


À primeira vista, poder-se-ia supor que o empregado trabalhar menos horas vai produzir menos pelo simples fato de sua jornada ficar mais curta. No entanto, experiências anteriores apontaram que, após um período de transição, o bem-estar dos trabalhadores aumenta e tem início uma cadeia de efeitos positivos com reflexos sobre a produtividade.


Em uma empresa de software que já está testando a semana de 4 dias notou-se queda de 30% no absenteísmo involuntário no primeiro mês, na comparação com igual período do ano anterior. Também um envolvimento maior com a empresa e aumento da produção - porque os trabalhadores estão mais descansados -, mais criatividade e menos rotatividade.


Para especialistas em economia, mesmo com o aumento da produtividade em certas empresas, ainda é cedo para se pensar em uma revolução nas relações de trabalho. Apontam que em alguns setores será mais difícil implementar o novo modelo do que em outros, como no de serviços, a exemplo de bares e restaurantes, salões de beleza ou consultórios médicos.


O presidente do SINAIT, Bob Machado, disse que antes da pandemia já havia uma redução dos postos de trabalho no mundo, em razão das novas tecnologias, como a robótica e inteligência artificial, que vinha sendo discutido em nível global. Segundo ele, agora, é imprescindível que os Estados passem a agir para proteger a vida, as pessoas, os empregos. Enfim, o trabalho e os trabalhadores. “O desafio está na distribuição de renda, uma vez que a situação foi agravada com a pandemia”, constata o dirigente sindical.


Ele lembra que uma maneira de distribuir as riquezas produzidas por esse tipo de trabalho já vem sendo discutida com afinco no Vale do Silício (Califórnia), nos EUA. “Há necessidade de se repensar essa jornada de trabalho. Sua redução sem atingir os salários é um caminho a ser trilhado para que se possa oferecer mais postos de trabalho”, avalia Machado.       


Um setor que gerava muito emprego no Brasil, por exemplo, e teve os postos de trabalho reduzidos ao longo dos anos, por conta do avanço tecnológico, é o campo. “A tecnologia neste setor traz vantagens para os produtores e para os consumidores, mas afeta o mercado de trabalho nessa área. A diversificação da atividade no setor também passou a demandar mão de obra cada vez mais qualificada”, avalia Bob Machado.


Veja aqui a íntegra da matéria da BBC News Brasil que trata da redução de jornada e dos desafios de setores, como o de serviços, durante a pandemia. 

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