As cerca de 80 pessoas foram encontradas em situação análoga à escravidão em Vila Valério (ES)
Veja a repercussão do resgate de 80 trabalhadores, entre eles três, adolescentes, encontrados em condições análogas à escravidão em uma fazenda na cidade de Vila Valério, no Norte do Espírito Santo. Os trabalhadores foram localizados nesta sexta-feira, 7 de maio, por Auditores-Fiscais do Trabalho em uma operação com a Polícia Federal.
Os trabalhadores são todos da região do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, de onde saíram no dia 17 de abril com o objetivo de trabalhar na colheita do café na fazenda Vargem Alegre, em Vila Valério.
De acordo com a fiscalização, os trabalhadores viviam em condições precárias e sem direito a salário. Conforme explicou o Auditor-Fiscal e superintende regional do trabalho Alcimar Candeias, toda a negociação e o transporte deles para o Espírito Santo foi feita com o auxílio de um homem que atua como um gerenciador para este tipo de atividade ilegal, o chamado “gato”.
Ao chegarem a Vila Valério, no entanto, os trabalhadores foram divididos em dois alojamentos e tiveram os documentos retidos.
Segundo Alcimar, além de não receberem salários e de não terem a carteira assinada, eles eram ameaçados pelo proprietário, que dizia que eles teriam que trabalhar para pagar o dinheiro gasto com as passagens e comida. Caso não trabalhassem para pagar a dívida, eles eram impedidos de deixar a propriedade. "Eles tinham medo de que não sobrasse nada para eles", pontuou o Auditor- Fiscal.
A fazenda Vargem Alegre, na qual os trabalhadores foram encontrados, fica na localidade de Jurama. De acordo com o Candeias, a propriedade pertence a Raul Alves Roberti, marido da atual secretária de Saúde de Vila Valério, Cazuza Zorzanelli Rossini.
Casos de Covid
O Auditor-Fiscal do Trabalho Rodrigo de Carvalho, que participou da operação, informou que os trabalhadores já tinham sido testados para Covid-19 e uma grande parcela testou positivo para a doença. “Mesmo testando positivo, eles permaneciam no local sem nenhum tipo de tratamento ou isolamento social, convivendo com bebês, com pessoas mais idosas, e os empregadores não tomaram nenhum tipo de atitude”, declarou. (Veja aqui matéria do ESTV 2ª Edição, em que Rodrigo de Carvalho conta a situação em que se encontravam os trabalhadores, a partir de 00: 30 minutos e 00:52 minutos).
A Superintendência Regional do Trabalho não questiona a realização das testagens, mas a falta de providências em relação aos doentes.
De acordo com a fiscalização, ao tomar conhecimento de que haveria uma fiscalização, o proprietário da fazenda tentou retirar os trabalhadores do local. Mas a fiscalização chegou a tempo.
Veja aqui matéria do Jornal Nacional.
Veja aqui matéria do G1 Espírito Santo.
Veja aqui matéria veiculada em A Gazeta.
Ouça aqui a entrevista de Alcimar Candeias ao CBN Cotidiano.
Veja aqui matéria Blog do Leonardo Sakamoto.