Movimento antitrabalho renasce na pandemia


Por: SINAIT
Edição: SINAIT
17/02/2022



Esgotamento mental, “empregos de merda” e precarização da vida… Saturados na pandemia, jovens contestam a escravidão pelo salário. Em comunidades online, eles articulam greves e boicotes e questionam: qual é o objetivo do trabalho?


Por Lourdes Marinho 
Edição: Andrea Bochi


Dois anos de pandemia, os trabalhadores de todo o mundo estão cansados. Problemas de saúde mental e burnout são comuns, particularmente entre os trabalhadores essenciais e com salários mais baixos.


Esse período prolongado de incertezas fez com que muitos deles repensassem a forma como seus empregadores tornavam as coisas piores - e o número de trabalhadores deixando seus empregos em busca de melhores opções vem batendo recordes em muitos países.


Mas algumas pessoas estão indo além, perguntando-se se existe algum propósito para o seu trabalho, ou para o próprio sistema econômico. Essas pessoas são parte do movimento "antitrabalho", que busca romper com a ordem econômica que sustenta o ambiente de trabalho, e que teve início nos Estados Unidos e vem tendo apoiadores em outros países. Elas se reúnem em comunidades on-line e questionam a escravidão do salário, imposta pelos empregos que impedem os trabalhadores de receberem o total valor da sua produção.


Mas isso não significa que o trabalho deva deixar de existir. Os apoiadores do movimento antitrabalho acreditam que as pessoas deveriam organizar-se e trabalhar apenas o necessário, em vez de trabalhar por longas horas para gerar excesso de bens ou capital. À medida que a popularidade do movimento foi crescendo, seu foco foi suavizado e ampliado para formar um diálogo mais amplo sobre as condições de trabalho, sobre  direitos trabalhistas mais genéricos. 


Nas comunidades, os usuários compartilham histórias de abuso por parte dos empregadores, pedem conselhos sobre como negociar melhores salários, contribuem com memes ou postam notícias sobre greves trabalhistas em andamento.


Os participantes do movimento também fornecem dicas aos usuários sobre como apoiar movimentos grevistas. A comunidade também fornece links para leituras e podcasts sobre o movimento antitrabalho fora do Reddit (compilado de fóruns (denominados subreddits) que se organizam por temas e reúnem pessoas com interesses em comum).


Relatos de demissões ou episódios de abusos no trabalho, se acumulam aos milhares em fórum sobre o tema. São casos de pessoas que foram convocadas a trabalhar no dia do próprio casamento ou na hora do velório da bisavó. Trabalhadores que receberam advertências por irem duas vezes ao banheiro em cinco horas de turno ou que foram demitidos por chegarem atrasados após uma sessão de hemodiálise ou de quimioterapia. E gente que, mesmo precisando do dinheiro resolveu usar parte das economias e ficar fora do mercado de trabalho por ao menos um tempo.


Confira aqui matéria da BBC News publicada pela Folha de São Paulo sobre este assunto. 

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