Chacina de Unaí – Depoimento de Hugo Pimenta aponta manobra para livrar Antério


Por: SINAIT
Edição: SINAIT
25/05/2022



Sete testemunhas de acusação são interrogadas no primeiro dia de julgamento


Por Andréa Bochi


Réu confesso e condenado por orquestrar a chacina de Unaí, o empresário Hugo Alves Pimenta foi ouvido como testemunha no julgamento de Antério Mânica, que iniciou nesta terça-feira, 24 de maio, na sede da Justiça Federal em Belo Horizonte.


Hugo Alves Pimenta, alegando estar acometido de dengue e apresentando atestado médico, teve seu interrogatório antecipado. Disse que não conseguiria contar os fatos, sem entrar em detalhes e seu depoimento acabou se prolongou por cerca de duas horas. Segundo Pimenta, a carta de confissão de Norberto foi uma tentativa clara de encobrir a participação de Antério.


Hugo insistiu na acusação a Norberto Mânica e contou que o fazendeiro e irmão de Antério Mânica falou por diversas vezes que “o mundo era pequeno para ele e Nelson” e reclamava das fiscalizações do “Nelson”. O delator, que disse conhecer e ter convivido com os irmãos Mânica afirmou que “a liderança da família era de Antério Mânica, tudo era tratado com ele”. Segundo o delator, Norberto dizia que precisava de alguém para matar o Nelson e que isso foi repetido em várias ocasiões. Contou em detalhes a arquitetura do crime e o momento em que José Alberto diz para o “Chico” que o Norberto queria saber quanto seria cobrado para “torar” todos, torar significa torrar, segundo Hugo.


De acordo com o documento, a ordem partiu do próprio Hugo quando soube que o Nelson não estava sozinho.


Em relação a uma das principais provas de que Antério foi um dos mandantes, o envolvimento de um veículo Marea, Hugo Pimenta afirmou que a intenção dos irmãos ao apontarem que Norberto é quem estaria no Marea, seria para livrar Antério e afastar provas contra ele. “Tenho certeza de que o Marea é do Antério Mânica e quem tem que provar que estou equivocado, não sou eu. Eles organizaram tudo na reunião de família para pressionar o Norberto a dizer que eu, Hugo, é quem estaria nesse Marea.


No dia anterior às mortes, o Marea azul, igual ao da esposa do ex-prefeito, foi visto durante encontro entre os executores e os intermediários em um posto de gasolina. O fato foi confirmado pelo réu Willian Gomes, motorista da quadrilha e condenado a 56 anos de prisão pela participação nos assassinatos. Em depoimento à Polícia Federal, o réu confirmou a presença do veículo e disse ainda que dentro dele se encontrava um homem muito "bravo", que gritava que era para "matar todo mundo". O homem seria Antério Mânica, segundo a acusação.


Nesta terça-feira foram interrogadas somente testemunhas de acusação.

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