Chacina de Unaí - Apresentação de provas materiais dá início ao terceiro dia de julgamento de Antério Mânica


Por: SINAIT
Edição: SINAIT
26/05/2022



Após as oitivas das 19 testemunhas de acusação e de defesa realizadas na terça e quarta-feira, 24 e 25 de maio, respectivamente, o julgamento de Antério Mânica passou à fase de apresentação de provas materiais aos jurados.


A sessão teve início às 9 horas, desta quinta-feira, 26 de maio, com a apresentação das peças processuais como vídeos, interceptações telefônicas e fotos dos Auditores-Fiscais mortos dentro da caminhonete do Ministério do Trabalho. Também foi feita a leitura de um dos relatórios de fiscalização de propriedades rurais dos irmãos Mânica, que foi detalhadamente elaborado por Nelson.


O crime ocorreu no dia 28 de janeiro de 2004, quando três Auditores-Fiscais do Trabalho Eratóstenes de Almeida Gonsalves, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva e o motorista Ailton Pereira de Oliveira estavam realizando uma fiscalização rural em Unaí (MG).


O Ministério Público Federal apresentou reportagem veiculada no programa Domingo Espetacular da Rede Record em 5 de maio de 2013, cuja manchete chamava a atenção para depoimentos inéditos dos pistoleiros e de trabalhadores das fazendas dos Mânicas, em Unaí.


“Eu só vou acabar com as perseguições aos meus negócios quando der um tiro na cabeça de Fiscal do Trabalho”, é a ameaça atribuída a Norberto Mânica, na reportagem. Um dos trabalhadores da fazenda declara na reportagem as péssimas condições de trabalho nas fazendas dos irmãos Mânica. Segundo o repórter, 60% dos trabalhadores trabalhavam na informalidade para os fazendeiros em Unaí.


“Quem vai pagar o preço dessa dor? São dolorosas gotas de impunidade”, disse emocionada a viúva do Auditor-Fiscal do Trabalho João Batista, Genir Lage, na reportagem.


Uma carta interceptada pela Polícia Federal, apresentada na matéria, traz declaração que cita o delator Hugo Pimenta feita pelo pistoleiro Rogério Alan Rocha Lima, condenado a 76 anos de prisão: “Não quero saber se foi Hugo ou Zézinho (José Alberto), agora vai ser assim...”.


Três ligações à então Subdelegacia do Trabalho no município de Paracatu (MG), onde Nelson era lotado, chamaram a atenção nas investigações. Na primeira, o interlocutor perguntava se o Nelson estava na Subdelegacia, já que ele morava em Unaí, para poder enviar flores e telemensagem. Na segunda ligação, a pessoa perguntava se todos os Auditores-Fiscais teriam morrido e, na última ligação, dava a informação da morte dos Auditores-Fiscais.


Assista aqui a reportagem mostrada durante a manhã do terceiro dia de julgamento, que traz as declarações dos executores, das viúvas e em que Antério diz que foi autuado e multado pelos Auditores-Fiscais. Além disso, a reportagem destaca as ligações feitas à então Subdelegacia do Trabalho no município de Paracatu.


Foi exibido um vídeo parcial do julgamento realizado, em 2018, pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região – TRF1, em Brasília, quando foi anulado por dois votos a um dos desembargadores, o julgamento de Antério Mânica por júri popular, que o condenou em 2015. A procedência do vídeo foi criticada pela assistência de acusação.


Na fase seguinte, o réu será interrogado e, posteriormente, haverá o debate entre a defesa e a acusação. O Conselho de Sentença, formado por cinco mulheres e dois homens, deverá se reunir após o debate e neste momento o julgamento já estará se encaminhando para o final. Segundo a juíza Raquel de Vasconcelos, a última fase, o debate, será realizado na manhã desta sexta-feira, 27 de maio.


Auditores Fiscais do Trabalho de todo o país, Diretores e Delegados Sindicais do SINAIT e colegas de MG continuam acompanhando o julgamento. A presença de jornalistas também é constante.​

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