Chacina de Unaí – em depoimento, Antério Mânica manifesta direito ao silêncio


Por: SINAIT
Edição: SINAIT
27/05/2022



Por Solange Nunes
Edição: Andrea Bochi


Durante depoimento, nesta quinta-feira, 26 de maio, o acusado de ser o mandante da Chacina de Unaí, Antério Mânica, 67 anos, manifestou direito ao silêncio. Em seu novo julgamento, em Belo Horizonte, quando sua participação na Justiça Federal durou somente 1h20, negou envolvimento no crime que vitimou os três Auditores-Fiscais e o motorista do Ministério do Trabalho. A prerrogativa do direito ao silêncio é prevista em lei e estabelece que ninguém tem a obrigação de produzir provas contra si mesmo.


Entre os pontos importantes do depoimento, Antério Mânica confirmou as duas ligações, na manhã, do dia 28 de janeiro de 2004, para a então Delegacia de Trabalho, em Paracatu, a fim de confirmar a veracidade das informações, de que os três Auditores-Fiscais e um motorista do Ministério do Trabalho tinham sido assassinados.


Em relação às ligações originadas de telefone de sua fazenda para Formosa (GO), cidade do Chico Pinheiro, contratado para matar os fiscais, Antério Mânica disse que foi uma coincidência e não poderia falar sobre o assunto.


Na ocasião, ainda, Antério Mânica criticou alguns comentários fantasiosos de promotores, à época, sobre “alguém estar mexendo os pauzinhos em Brasília”.


Fiscalização


Ao ser questionado, pela juíza, sobre sua relação com o Nelson José da Silva, o réu disse que “os encontros eram para conversar sobre a criação do condomínio Rio Preto, com mais de 300 produtores associados ao condomínio. O Ministério do Trabalho não aceitou que fossem criadas cooperativas de trabalhadores, apenas os condomínios”, disse Antério.


Além disso, confirmou conhecer Hugo Pimenta e disse que tinha relação de negócio com ele, comercializavam feijão. Sobre o encontro ou reunião com os executores num posto de gasolina, no dia 27 de janeiro de 2004, quando viram o carro Marea, Antério Mânica negou ter estado no posto.


"Tinha coisas pequenas e até maiores que estavam erradas (na fazenda). Mas ele estava fazendo o trabalho dele", disse o réu.


As multas


Nos outros questionamentos da juíza, como por exemplo, em relação aos valores das multas, Antério Mânica disse que preferia pagar as multas trabalhistas. “Sairia mais caro pagar advogado. Era melhor pagar as multas”.


Diante da negativa da autoria, a juíza perguntou quem eram os responsáveis pelas mortes dos fiscais. Antério citou o irmão Norberto, os intermediários Hugo Pimenta e José Alberto de Castro, além dos pistoleiros.


Antério também negou que estivesse na reunião na empresa de Hugo Pimenta com o Fiat Marea escuro que pertencia a sua esposa. Nesta reunião é que o crime teria sido planejado.


Ao final do depoimento, em função da manifestação do direito ao silêncio, os advogados de acusação não puderam fazer a acareação com o acusado Antério Mânica.


Para o SINAIT, essa foi uma estratégia montada pela defesa para livrar Antério Mânica das acusações de mando dos assassinatos. “As provas são robustas e claras quanto à participação de Antério Mânica", frisou o presidente do SINAIT, Bob Machado.


Na sexta-feira, 27 de maio, está previsto o debate entre advogados de defesa e acusação.

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