SINAIT promove exibição do filme Pureza para futuros Auditores Fiscais do Trabalho


Por: Andrea Bochi
28/04/2025



Na noite desta quarta-feira, 24 de abril, o SINAIT promoveu uma noite cultural para os aprovados no último concurso para o cargo de Auditor Fiscal do trabalho, que participam do curso de formação, em Brasília. Participaram cerca de 700 dos futuros colegas. O evento foi realizado no Hípica Hall e contou com as presenças do diretor do filme Pureza, Renato Barbieri, e Auditores que integraram os primeiros Grupos Especiais de Fiscalização Móvel – GEFM.

O presidente do SINAIT, Bob Machado, recebeu a todos e falou sobre a contribuição de vários Auditores para a consolidação da carreira e o avanço conquistado até aqui com muita luta e enfrentamento.

“Levamos ao governo, durante a transição, a necessidade de regulamentação do bônus e de realização de concurso público que preenchesse as vagas disponíveis na carreira. A organização política é quem garante o avanço da carreira, com a união de todos. Os primeiros Grupos Móveis tinham a frente, na sua maioria, mulheres, que deixavam suas famílias para embrenharem-se nos mais distantes locais e enfrentavam o desafio”, disse o presidente.

41º ENAFIT

Rosângela Rassy convidou a todos para o 41º ENAFIT, que será realizado em Belém (PA), de 26 a 30 de outubro próximo. A diretora disse que há a liberação de ponto para aqueles que participarem do Encontro, que é organizado pelo SINAIT e pela Delegacia Sindical do estado que sedia a edição do evento.

Também falou um pouco da história do ENAFIT e da sua importância técnica, além do congraçamento que promove. “Para quem não conhece Belém, essa será uma ótima oportunidade. Estamos trabalhando muito para que vocês sejam recebidos calorosamente.

Auditores convidados

Renato Bignami contou um pouco da história de criação da Inspeção do Trabalho e disse que é importante que todos tenham a clareza da centralidade do sistema federal de Inspeção do trabalho, da dignidade não só do trabalhador, mas dos seres humanos. “É importante passar a todos vocês esse amor pela profissão, que é uma das poucas que transcende as fronteiras nacionais. Está prevista em tratado internacional e vocês certamente encontrarão colegas inspetores em diversos países”.

Bob lembrou o trabalho dos Auditores em São Paulo no combate ao trabalho escravo urbano, com o resgate de imigrantes nas oficinas de costura e a responsabilização da cadeia produtiva.

Nesse momento foram sorteados exemplares do livro Resgates aos presentes.

A Auditora Claudia Márcia contou casos ocorridos no início do combate ao trabalho escravo. ‘Coordenei por oito anos um dos grupos móveis. Nós deixávamos a família, filhos para realizar nosso trabalho. Mas, a sensação de ver a felicidade dos trabalhadores que viam pela primeira vez a carteira de trabalho, era o que nos fazia voltar e resgatar trabalhadores”. Ela emocionou-se ao lembrar das situações dos trabalhadores encontrados durante as fiscalizações e o que a presença dos Auditores representavam para aqueles que já não tinham mais esperanças de libertação.

Ao se manifestar, Marinalva Dantas, relatou que observou a forma de falar dos trabalhadores resgatados para que o juiz acreditasse que era verdadeiro. Contou que nas operações encontrava muitas crianças trabalhando e ao questioná-las do porquê do trabalho precoce, elas respondiam que os pais haviam abandonado a família e, diante disso, precisavam trabalhar, desde cedo, em substituição aos pais. “Quando fomos fiscalizar as fazendas, encontrei trabalhadores sem olho, sem dedos, perguntei de onde eles eram e eles nos diziam que eram de estados do nordeste. Foi, então, que percebi que os pais tidos como desaparecidos, daquelas crianças, estavam também sendo escravizados em outras fazendas.

O presidente destacou ainda as presenças dos diretores do SINAIT Olga Maria Valle, Maria Teresa Pacheco, José Fontoura, Sebastião Estevam, Vera jatobá, Marco Aurélio e Joatan Batista Reis. Também citou as representantes da Delegacia Sindical do SINAIT do Distrito Federal, a Delegada Sindical, Maria Cândida e a Auditora Eveline Barros, a Delegada Sindical do SINAIT em Santa Catarina, Danielle Neves e a Delegada Sindical do SINAIT na Paraíba, Tânia Maria Tavares.

O Auditor e fotógrafo Sérgio Carvalho destacou seu orgulho de participar dessa carreira. O que marcou minha carreira foi uma operação na serra do Cachimbo – o avião não tinha cadeira, ficamos hospedados no quartel e nos perdemos na mata. Fomos resgatados por helicópteros, que jogavam marmitas para nos alimentarmos. Nessa época, peguei um voo voltando de São Luís e em São Paulo comprei uma máquina fotográfica. Não existe combate ao trabalho escravo sem fotografia. Como é que o juiz vai analisar os relatórios fiscais sem fotografia. A fotografia tem o papel fundamental de tirar da invisibilidade esses trabalhadores.

Sérgio lembrou a data, 28 de janeiro de 2004, em que os Auditores Nelson José, Eratóstenes de Almeida, João Batista e o motorista Ailton Pereira foram assassinados durante operação no interior de Minas Gerais. O crime ficou conhecido como Chacina de Unaí. “Estávamos em operação de combate ao trabalho escravo no interior e aquilo me marcou. Não podemos deixar que a violência e o medo acabem com a nossa esperança”.

Relato do diretor Barbieri

Para o diretor do filme Pureza, Renato Barbieri, “o momento em que estamos vivendo com a contratação de 900 novos Auditores é histórico”. Ressaltou que nenhuma profissão é menor do que a outra. Renato Acrescentou que a missão que todos os presentes estão assumindo é muito importante, uma vez que vivemos em um país em que a escravidão e o racismo são assuntos diário.

“Na pesquisa para o filme conheci os Auditores e conversando com diversos de vocês, vi que o trabalho que desempenham requer muita inteligência, sensibilidade, técnica, coragem, articulação institucional interinstitucional, algo fabuloso. Eu diria que a política pública mais bem sucedida da história do Brasil é o combate ao trabalho escravo”, elogiou.

Barbieri disse que vê os Auditores Fiscais do Trabalho como uma força capaz de contribuir para o Brasil se tornar uma nação. “O Sérgio disse aqui que o resgate de trabalhadores é o resgate da humanidade. Foi exatamente o que me tocou ao entrevistar e conversar com os Auditores, durante a realização da pesquisa para o filme Pureza, eu vi em todos vocês um brilho no olhar e as palavras vivas. A realidade nos humaniza. Desejo sucesso e realizações a todos vocês para que vocês avancem e que um dia possamos dizer que erradicamos o trabalho escravo do Brasil”, concluiu o cineasta.

Recado de Dira Paes

Um vídeo gravado pela atriz Dira Paes, protagonista do filme Pureza, foi exibido, antes do início do filme. Dira parabeniza os aprovados e diz que todos desempenham um trabalho pela dignidade social e que são fundamentais para um mundo melhor. (Confira aqui)

Ao final da roda de debates, foi exibido o filme Pureza, que retrata a luta de uma mãe que passou três anos na busca de seu filho por áreas de garimpo e fazendas no interior do Maranhão e Pará.

O filme emocionou a todos mostrando a triste realidade do trabalho escravo no Brasil. Essa chaga social precisa ser sempre combatida!

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